A base da Instituição Maçônica é a fraternidade, por isso reúne os homens em suas Lojas, nas quais reinam a moral, a tolerância e a solidariedade. Porém, a Maçonaria também dedica à família o melhor de suas atenções. E embora a mulher não participe diretamente dos trabalhos maçônicos, não se pode dizer que não lhes presta a sua colaboração, pois, enquanto os maridos se dedicam aos trabalhos da Loja, as esposas se constituem em guardiãs do lar e dos filhos.
Portanto, sob o critério filosófico, a Maçonaria destina-se tanto ao homem como à mulher, complementos que são um do outro e destinados como estão a constituir a família como base celular de uma sociedade bem organizada. “Por isso, um homem deixa seu pai e sua mãe, e se une à sua mulher, e eles dois se tornam uma só carne”. (Gn, 2:24).
Os Maçons tributam, portanto, à mulher não somente o respeito que ela merece como mãe, esposa, irmã e filha, mas também pela admiração a que tem direito por ser o ornamento da humanidade, na qual tem exercido um grande papel civilizador e propulsor do progresso dos povos.
Para os maçons, a mulher é a Deusa do lar, é aquela que reúne a família em torno de si, que auxilia o marido, ocupando-se das tarefas do lar e da educação moral dos filhos, a fim de torná-los dignos de serem os homens de amanhã, inspirando-lhes aqueles sentimentos de afetividade e de moral sobre os quais assenta a sociedade. “A mulher sábia constrói o seu lar; a insensata o destrói com as próprias mãos”. (Juízes; 14:1).
De fato, não é nas escolas que as crianças aprenderão a sentir o calor dos bons sentimentos. Não é apenas nas escolas que se irá formar o seu caráter e aonde irão aprender a se considerarem irmãos entre sí. É ao lar que esta tarefa cabe exclusivamente, e ela só poderá ser desempenhada pela mulher. “Casa e patrimônio são herança dos pais, e mulher de bom senso é dom de Deus”. (Juízes, 31:10).
Depois de DEUS, o único ser onipotente, em nossas vidas é a mulher. Nascemos do útero de uma, morreremos nos braços de outra. Entre um evento e outro, em nome delas construímos a civilização e seus destinos. Nunca chegamos a compreendê-las. A natureza, para nosso alívio, nos poupou dessa missão impossível: cabe-nos apenas amá-las e respeitá-las.
Fui criado dentro da mística machista. Mas confesso que, através da vida, nunca presenciei nenhum fato que me provasse ser o homem realmente o sexo forte. Na escola, do primário à universidade, os primeiros dez (10) lugares da classe, em nota, invariavelmente pertenciam às mulheres.
Pertenço à geração que assistiu à ascensão da mulher no mercado de trabalho. Dói-nos reconhecer, mas o fato é que elas são mais eficientes, esforçadas e determinadas do que nós. Pobre do executivo que, em uma reunião de negócios, topa pela frente com um interlocutor do sexo feminino. A luta é desigual. Quando não nos fulmina com argumentação melhor fundamentada, tratam de derreter nossa intransigência com um simples sorriso. Isso para não citar o extremo e desleal recurso da lágrima, sem dúvida a mais poderoso força hidráulica criada pela humanidade. Apesar de sua inegável superioridade, ainda lhes reservamos, nas organizações, funções quase exclusivamente subalternas.
Se, aos poucos, vão nos superando no campo profissional, desde sempre nos suplantaram na política de vida. São biológica e afetivamente mais resistentes do que o homem: vivem mais tempo do que nós e são capazes de viver sem nós. Quem nos dera poder afirmar o mesmo!
A arena onde os dois sexos medem forças é o matrimônio. O homem o procura em busca de carinho e sentido para a vida. A mulher procura nessa aliança o ninho seguro para criar seus filhos; obviamente, o poder de barganha do homem é muito menos. Acabam restando, nos dias atuais, três tipos de casamento: aqueles que não dão certo; aqueles que a mulher manda e aqueles em que o homem pensa que manda…
A mulher concebe, homem não. E aí esta fundamentalmente, a diferença. DEUS delegou a elas o Dom de reproduzir a vida. E nós nunca as perdoamos por isso. Através dos séculos, as flagelamos, as dominamos, as submetemos justamente para que, dessa forma, pudéssemos camuflar a nossa revolta, a nossa frustração, o nosso inconsciente sentimento de inferioridade. Impusemos a sua virgindade, exigimos a sua exclusividade, trancamo-las, a sete chaves, em nossos castelos. Elas, mais seguras, nunca nos reivindicam nada disso. As mulheres multiplicam a vida, os homens só possuem a sua. “A graça é enganadora e a beleza é passageira, mas a mulher que tem a DEUS merece louvor”. (Juízes, 31:30).
A mulher acima de tudo, é MÃE. E não há palavra mais bela, mais suave e mais plena de conteúdo que lábios humanos sejam capazes de pronunciar; ao mesmo tempo pequena e imensa, significa o consolo da aflição, a luz na desesperança, a força na derrota; é o peito onde reclinamos nossa cabeça, a mãe que nos abençoa, o olho que nos protege.
Quer o destino que nossas MÃES cruzem os portões do infinito antes que nós o façamos. E assim, por sabedoria de DEUS, aprendemos a transferir todo o seu significado para nossas mulheres, que são mães de nossos filhos, e para nossas filhas que serão mães de nossos netos. Este é o sentido de nossa existência.
A mulher para nós, MAÇONS, é a maior estrela brilhante neste universo. Tanto é verdade que, quando iniciamos na Ordem Maçônica, nos é entregue dois pares de luvas brancas, sendo um par para nosso uso e o outro para a mulher que mais estimamos. As luvas, na Maçonaria, é símbolo de pureza e de candura e também de inocência. Por isso as luvas devem ser brancas. Usadas pelo homem, devem relembrar-lhe a mansidão e a pureza a que esta obrigado, e aquelas entregues à mulher simbolizam que o Maçom deve ter consideração pelo belo sexo, presenteando-as não à mulher que mais ama, mas aquela que considera mais digna de ser amada. Sem dúvida alguma, a mulher é tudo para nós.
* trabalho publicado na edição nº 195 da Revista “A TROLHA”, de Janeiro 2003
Francisco Carlos Silva Torrent,
M.’.M.’., A.’.R.’.L.’.S.’. Fraternidade Riobranquense, Visconde do Rio Branco (MG) – Brasil.
Fonte: http://www.maconaria.net