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A IMPORTÂNCIA DAS LUVAS

Olhei em direção a um aglomerado de gente, conversando, reclamando. As pessoas, normalmente, se esquecem do principal: a ajuda. Fiquei tentando descobrir o que estava acontecendo. Logo adiante, uma senhora, já bem idosa, chorava, encostada a uma parede.

Meus olhos pularam em direção à pobre senhora. No punho, aparecia um par de luvas brancas, sinal de socorro de nossas cunhadas.

Cheguei e quis saber o que estava se passando.

– A cunhada está precisando de alguma coisa?

– Sim. Eu fui assaltada e os dois elementos ainda me deram socos nas costas e na cabeça, para que eu entregasse a minha bolsa, o relógio e minha aliança.

– Ninguém socorreu?

– Ficaram com medo dos bandidos.

– Não tem problema. Venha comigo. Vou levá-la a um hospital.

– Não se incomode, cunhado. Eu só preciso ir para casa.

– Nada disso. Vamos juntos. Meu carro está logo ali.

No caminho fui distraindo a cunhada.

– O seu marido, o meu Irmão, é filho de qual Loja?

– Aqui no Centro mesmo.

– É falecido?

– Sim. Há dez anos.

– Viu como valeu o par de luvas?

– Isso mesmo. Olha que o meu par já é bem antigo.

– Quando o Irmão entrou para a Ordem vocês já estavam casados?

– Não. Éramos noivos.

– Que beleza!

– Quando ele me entregou o par de luvas, quase tive um desmaio tamanha  foi a emoção.

– É uma solenidade linda.

– Isso foi quase há cinquenta anos e, quando me lembro, fico emocionada.

– Talvez seja o momento mais sublime para a mulher, no dia da Iniciação..

– As minhas luvas estão velhinhas. Não saio sem elas. Estão até um pouco amareladas.

– Tem usado muito?

– Foi a primeira vez que tive necessidade de usá-las. Eu sabia que um cunhado iria aparecer para me socorrer.

– Não resta a menor dúvida.

– Parece que foi ontem que recebi essas luvas. Quando o Venerável falou para o meu marido, ao entregar-lhe as luvas, que as passasse

para a pessoa a quem ele nutria grande amor.

– E a cunhada, o que disse?

– Eu?

– É.

– Fiquei muda. O chão sumiu. Que saudade!

– Imagino. Também passei pela mesma emoção ao entregar as luvas.

– E a sua esposa? Como reagiu?

– Chorou. Chorou muito.

A conversa estava tirando a cunhada do grande nervosismo que se apoderara dela.

E chegamos ao hospital.

Entramos, pois eu precisava saber se a cunhada estava com algum problema maior, em vista das pancadas recebidas.

E Deus existe!

Logo na entrada, um Irmão médico vem em minha direção.

– O que houve?

– É nossa cunhada. Ela foi assaltada e os meliantes ainda bateram nela.

– Vem comigo, cunhada. Vamos verificar o que aconteceu.

E o Irmão entrou com a cunhada, a fim de fazer um exame e, deste modo, tranquilizá-la.

Feitos todos os exames, o Irmão apareceu e pediu-me que ligasse para um dos filhos da cunhada, nosso sobrinho, para que tomasse conhecimento do ocorrido.

– E como ela está.

– Bateram muito nela. Tem hematomas em pontos das costas e dos braços. A cabeça era minha grande preocupação, mas, após o Raio X, fiquei mais tranquilo.

– Graças ao Supremo Arquiteto, pela idade, a fragilidade feminina, tudo contribuiu para a preocupação.

– Acontece que estamos cobertos pelo Criador.

– É isso.

– Telefona para a família. Daqui a pouco volto a falar com você.

E mais surpresas nos reservava a situação. Liguei para o nosso sobrinho.. Ele estava procurando pela mãe.

– Estou ligando para dizer que sua mãe está medicada. Ela está sendo atendida por um Irmão, maçom como seu pai.

– Graças a Deus. Onde ela está?

– Não se preocupe, pois vamos levá-la para casa. Mas como você soube disso?

– Estava acontecendo uma blitz, quando os assaltantes passaram  correndo. Foram abordados e entregaram os pertences de minha mãe.

– Que sorte!

– O Capitão, maçom, verificou a bolsa de mamãe, viu a Carteira de Identificação Maçônica do meu pai e ligou para mim.

– Que bom!

– Ele trouxe os pertences da minha mãe, inclusive as alianças.

– Ótimo. Pode me esperar em casa que eu levo a cunhada.

Quando ela apareceu mais calma, desliguei o telefone.

Meu Irmão, no Oriente Eterno, está feliz.

Fonte:  Internet enviado pelo Irmão Lula Simões

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