Do ponto de vista maçônico, nestes derradeiros momentos de Dezembro encontramo-nos “simbolicamente” na chamada Sala dos Passos Perdidos do Universo que nos envolve.
É neste ambiente – onde tal qual o Templo que frequentamos – revela-se o momento em que todos se encontram, se cumprimentam, se confraternizam, trocam impressões e concorrem para preparar o Espírito e o Intelecto com o intuito de adentrar ao Templo Maior que é o “Novo Ano” que se espreita através dos calendários.
Com uma dose de boa vontade podemos rever as nossas diferenças e buscar o equilíbrio no entendimento de equívocos que se tornaram de alguma sorte um impeditivo para que as relações fluíssem com menos aspereza e com maior sentido de fraternidade.
Essa “Sala dos Passos Perdidos” enseja a oportunidade de nos reaproximarmos daqueles que sempre nos foram caros, mas que de algum modo às próprias circunstâncias da vida, movidas algumas vezes por doses de arrogância, destempero e em muitas ocasiões por falta de habilidade levaram-nos ao afastamento físico, ao distanciamento emocional e principalmente à indiferença…
Indiferença essa, que a propósito, talvez se constitua na parte mais desgastante e negativa desse processo.
Nesta Sala dos Passos Perdidos, há ainda um tempo e um espaço que podem e devem ser preenchidos por meio de uma troca de energias positivas, com espíritos desarmados e em especial com a abnegação de quem busca a Paz e a Concórdia, instrumentos fortalecedores que substanciam a nossa missão.
Nesta antessala do novo tempo podemos proceder ao nosso Aquecimento com o Exercício dos nossos Pensamentos em prol da Vida agradecendo ao nosso Princípio Criador – o Grande Arquiteto do Universo – a chance de abdicarmos dos nossos radicalismos, de nossos ressentimentos e de nos aprimorarmos como seres humanos.
É o instante em que podemos preparar a terra, semeá-la e proceder ao trabalho de desbastar mais e mais a pedra bruta que reside dentro de cada um, buscando a sua polidez que contribuirá para a construção do Edifício Social – fundamentada na tolerância – função essa que jamais deve ser esquecida por um Maçom, por mais árdua e difícil que ela possa parecer.
Isto não quer dizer que “apenas” ao final de cada Ano é que todos nós devemos nos tornar bons, aquiescentes e predispostos às mudanças…. Em absoluto….
Essa referência é feita sim como um espécie de sinal de alerta que toca dentro de nós a cada ciclo de nossa história baseados no nosso Calendário Gregoriano concedendo-nos a chance de nos habilitarmos para adentrar ao Novo Templo – ou seja; o Ano que se anuncia e no qual depositamos Esperança por melhores dias.
Para que esse ingresso se manifeste de maneira proativa é preciso que estejamos munidos de Fé e de Esperança como quem vai fincar bandeira num porto ainda mais seguro.
Cumpre-nos agora fechar às arestas de tudo aquilo que não vale a pena represar ou cultivar dentro de nós, e por outro lado, deixar para trás tudo aquilo que não agregou valores à nossa existência e repensar nossas atitudes em favor da Virtude e ao combate à Ignorância.
O que se quer construir é o fortalecimento da amizade fraterna e desinteressada, das relações familiares, profissionais e humanas livres e desimpedidas de quaisquer ranços e medos e especialmente na crença no próprio Ser Humano – que pode superar suas limitações através do estudo e da procura incessante do conhecimento. das experiências e observações de tudo o que o cerca.
Conforme citação do autor maçom Rizzardo da Camino, o exercício de Fé – refere-se a Fé inabalável na crença da existência de DEUS dentro de nós.
É a Fé raciocinada; a bondade e a justiça que emanam da Divindade que devem ser imitadas e assim, o Maçom, ama o seu próximo, antes mesmo de amar-se a si mesmo.
São portanto duas partes essenciais: a espiritual que respeita ao Grande Arquiteto do Universo, que é Deus – e a material que se revela através do culto ao amor fraterno.
O Ano Novo bate à nossa porta e convida-nos a mergulharmos nele, sem medo de sermos felizes. É hora de revisitar o Templo.
O convite está diante de nós e só depende de nossa disposição em aceitá-lo de peito aberto e com a certeza de que vamos encará-lo com sabedoria e serenidade.
Acreditar em nós mesmos é o que nos move e é o que nos torna capazes de nos reinventarmos dia após dia…
Não há outro caminho senão o da transformação, tal qual o fluxo e o refluxo das marés que vai dando formas e contornos às nossas vidas e nos moldando à semelhança de Deus conforme a arquitetura de nossos atos…
A tônica que deve imperar é a de sermos bravos contra nossas próprias fraquezas. Lutarmos sempre pelos nossos Ideais em favor do BEM.
A proposta é simples: que as Colunas da Sabedoria, Força e Beleza continuem a nos prodigalizar com Obreiros incansáveis pela elaboração do Templo Maior que a cada ciclo da História da Humanidade nos oferece obstáculos a serem transpostos por meio de um trabalho devotado à Perfeição.
Que no ano que se descortina possamos ancorar nossas naus na suavidade das ondas nos propiciando um Mar inesgotável de novas possibilidades, e que tenhamos a coragem e a vontade de enfrentar os novos desafios como guardiões tenazes da civilização e que também possamos respirar a Liberdade como nosso princípio inalienável, desfrutar dos Direitos e das Obrigações por meio da Igualdade e que a Fraternidade seja sempre a mola mestra de nossa identificação.
Fonte: JB News