O Apóstolo Paulo descreve o amor como segue: «O amor (ágape) é paciente, o amor é amável. Sem inveja, ele não tem ostentação, ele não é orgulhoso. Não é rude, ele não é interessado, ele não se irrita facilmente, ele não mantém nenhum registro dos erros. O amor não se deleita com o mal mas rejubila com a verdade. Protege sempre, confia sempre, sempre tem esperança, sempre persevera. O amor nunca falha.» (I Coríntios 13:4-8).
Nós maçons, temos a consciência de que o momento impar em nossas sessões ritualísticas nasce exatamente na abertura do “Livro da Lei” e se conclui ritualisticamente no seu fechamento, período no qual convivemos com o processo de aproximação com as energias produzidas em nosso “Templo Sagrado” que cria a nossa Egregora Maçônica e, quando atingimos o grande contato com a força fluídica advinda do Grande Arquiteto do Universo.
Como bem revela o Ir∴ Manoel Gomes em seu “Manual do Mestre Maçom”:
“Templo Maçônico é a atmosfera do amor, de verdade e de justiça formada pela união de corações ávidos das mesmas esperanças, sequiosos de idênticas inspirações porque sem esse isocronismo de ação, sem essa elevação, poderá haver, quando muito, grupo de homens, nunca porém Maçonaria”
Quando falo que a agregora maçônica se conclui ritualisticamente no momento em que o Ir∴ Orador fecha o Livro da Lei, é porque entendo que esta energia extraordinária, essa “atmosfera de amor” formatada dentro de nosso Grande Templo Sagrado, não desaparece como mágica, ela permanece em nossos templos individuais ela perdura por um longo tempo dentro de cada um de nós, tempo suficiente para estar ainda vibrando durante a convivência com nossos IIr∴ quando da realização do “Ágape maçônico”.
Efetivamente “Ágape”, não é uma palavra criada pela Maçonaria e nem é exclusiva de nosso vocabulário, bem antes já era utilizada como significado para qualquer refeição servida em família ou entre amigos quando no seu final se dava o que chamavam o “ósculo da paz e da fraternidade”.
Ao longo dos tempos temos lido que existem palavras na linguagem Grega para definir o amor e que são as conhecidas EROS, PHILOS E ÁGAPE, todavia sempre persiste as dificuldades de dar significados efetivos.
Para nosso Ir∴ Adriano Camargo em sua Peça Arquitetônica “Três Amores: Ágape, Philos e Eros”, ele afirma que:
“O ser humano não precisa de amor, mas de amores, precisa dos três onde ele o ser humano convive com estes três níveis de amor que interagem entre si, sendo o Ágape o amor de nível espiritual e universal, o Philos , o de nível psicomental e o Eros, de nível etérico-material e espiritual.
Ainda dentro de seu pensamento o Ir∴ Adriano Camargo afirma que este é um sistema ternário que funciona no ser humano em maior ou menor grau, todavia para o ser humano mais evoluído, mais iluminado pela consciência, estes três amores estão sempre em equilíbrio.
Entendo assim que nós Maçons que constantemente estamos lapidando nossa P∴B∴, buscando construir templos as virtudes e cavando masmorras aos vícios, precisamos manter o equilíbrio entre estes três amores ou pelo menos como disse o grande Sidarta Gautama, descobrir o caminho do meio, para deixarmos fluir em nós a característica tão necessário de homens de bem e de bons costumes.
Destes amores que trocam de patamares durante nossas vidas e nossos momentos, o que quero deixar aqui é meu entendimento exatamente pelo amor Ágape, este amor que como afirmava o Grande filosofa Platão refere-se ao amor entre membros de uma mesma família ou amigos muito próximos.
Quero ampliar nossa busca de entendimento para este amor entre IIR∴ como acontece em nossos Ágapes, quando permitimo-nos com isenção de quaisquer interesses pessoais conviver o amor de afeição e também de satisfação que entendo ser o reflexo do grande espelho energético conquistado pelas energias da egregora maçônica.
Reforço ainda meu entendimento, com este fragmento encontrado durante minha pesquisa para escrever esta peça arquitetônica no site amauma.biz/site/samauma/gs1104agape.htm, que traz:
Nesse contexto, é preciso ficar claro que o verdadeiro sentido do Ágape maçônico não pode ser deturpado, entendido apenas como uma refeição típica de momentos festivos ou destinada à saciar a fome dos obreiros ao término de seus trabalhos na oficina. Em essência e por tradição, o Ágape é um momento especial de conforto psicológico, de congraçamento de propósitos, idéias e ideais; um alegre e eloqüente brinde à fraternidade maçônica e à paz universal.
Muitos IIrs∴ escritores maçônicos defendem a idéia de que o Ágape Maçônico deveria ser algo mais além de uma simples confraternização e, voltar aos tempos antigos quando das iniciações e que faziam parte do ritual.
Essa discussão efetivamente não vai nos levar a nada, verdade é que o Ágape entre IIrs∴ Maçons é com certeza um momento especial e cheio de energias transcendentais, só quem convive estes momentos sabem do que estou falando.
Não precisamos nos aprofundar nas obras de Platão ou seus seguidores para entender, sentir e falar sobre isso, o Ágape é sim um momento de elevada paz e uma forma impar e elevada onde o amor é expresso na vida de todos nós, por isso sempre irei repetir ele tem um caráter eminentemente espiritual, este espiritual que hoje é comprovado por grandes estudiosos a quem deram o nome de “QS”- Quociente Spiritual, esta força intrínseca ao ser humano e que alguns tem em maior ou menor grau dependendo de sua evolução.
Por isso afirmo que nossa evolução espiritual será sempre uma caminhada individual, onde somos responsáveis por nós mesmos com o livre arbítrio recebido do G.A.D.U., mas nunca esquecendo que para vivermos neste mundo de muitas provas precisamos do outro, buscando respeitá-lo em suas diferenças e sempre exercendo a grande e necessária tolerância.
Se buscarmos estudar os Grandes pensadores como Jesus, Buda, Confúcio e tantos outros, iremos encontrar que mesmo nas épocas mais antigas, o Ágape era referenciado como caridade, isto nos leva a entendê-lo como o verdadeiro amor fraternal, aquele que não possui limites e muitos menos condições.
Aqui, tomo a liberdade de afirmar que o Ágape Maçônico como uma linha de continuidade das energias em nosso Templo Superior Sagrado, criado por nossa Egregora Maçônica, se não for considerado como continuidade da ritualística é no mínimo instrumento perfeito da extensão de nossos laços de amizade, liberdade, igualdade e fraternidade.
Nosso Ir∴ José G. Vilanova em sua peça arquitetônica “Companheiro e Mestre” – citado no Livro “Léon Denis e a Maçonaria” de Eduardo Carvalho Monteiro nos deixou este fragmento que entendo enriquece tudo que aqui tentei filosofar.
“Se com moderação gozas dos prazeres da vida,
Depois desces em ti para falar com Deus,
E continuas um Ser carnal, contemplando os céus,
Então poderás associar o esquadro e o compasso,
E serás um Homem,
E o que vale muito mais,
Serás um Maçom,
Meu Irmão.
Finalmente devo confessar que nosso Ágape Maçônico é um momento extremamente prazeroso e de grande valor, quando logo após a Sessão deixamos fluir nossas energias, cabendo a cada um de nós oferecer o melhor de si, pois a maçonaria não exige, simplesmente nos oferece as oportunidades.
E como deixou dito nosso Ir∴ Octacílio Schüller Sobrinho, em seu livro “Maçonaria – Introdução aos Fundamentos Filosóficos”:
” Maçonaria, também chamada de Arte Real, é como um canto que encanta; perfume e beleza, ao mesmo tempo e lugar; flor que desabrocha no interior de cada Obreiro…”.
Bibliografia
SCHULLER, Octacílio Sobrinho – MAÇÔNARIA – INTRODUÇÃO AOS FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS – Livraria e Editora Obra Jurídica Ltda. – Florianópolis (SC) – 2000.
MONTEIRO, Eduardo Carvalho – LÉON DENIS E A MAÇONARIA- Madras Editora Ltda, São Paulo(SP) – 2003
Fonte: JB News