Muitas vezes falamos da “Loja Azul” e de “Maçonaria Azul”, mas será que realmente entendemos o seu significado e sua origem? Refiro-me ao uso da cor “azul”, juntamente com Loja ou Maçonaria
Somos ensinados que o azul se refere à abóbada celeste e ensina a universalidade da Maçonaria. Isto é verdade e eu não iria criticar esse ensinamento, mas gostaria de acrescentar e ampliar o nosso pensamento sobre a cor azul e seu simbolismo na maçonaria.
Apropriadamente é a cor dos graus do Antigo Ofício. Ele ensina que é o símbolo para a amizade universal e benevolência universal, como é a cor da abóbada do céu, que abraça o mundo, por isso cada Irmão Maçom deve ser igualmente extensivo nas suas virtudes de companheirismo e amor fraterno.
Entre os antigos judeus o manto do éfode[1] do sumo sacerdote, a fita de seu peitoral e a placa da mitra eram azuis. O povo da nação judaica foi obrigado a usar uma fita azul acima da orla de suas vestes e esta foi a cor de um dos sete véus do templo[2].
Flávio Josefo[3] nos diz que a palavra hebraica para Azul era “tekelet” e que simbolicamente significa perfeição. Entre os Antigos, ser iniciado nos Mistérios era um caminho para atingir a perfeição e que falando na Maçonaria o azul, que também significa perfeição, também é utilizado para nossas Lojas Simbólicas.
Entre os druidas simbolizava “verdade”. Os egípcios consideram o azul como uma cor sagrada, significando natureza celestial. Jeremias diz que os babilônios vestiam os seus ídolos de azul, e os chineses em sua filosofia mística o “azul” representou o símbolo da Divindade. Os hindus afirmam que o seu Deus, Vishnu, foi vestida de azul celeste, indicando assim que a sabedoria de Deus foi simbolizada por esta cor.
Entre os cristãos medievais o azul foi considerado o emblema da imortalidade, como o vermelho era do Amor Divino de Deus.
A cor azul é usada extensivamente nos graus do Rito Escocês, com vários significados simbólicos; tudo, no entanto, mais ou menos relacionada ao seu caráter original como representando amizade universal e benevolência.
No Grau 19 (Grand Pontífice), o azul é símbolo de brandura, da fidelidade, da mansidão. No grau 20 (Mestre “ad Vitam”) ele é usado juntamente com o amarelo e refere-se ao aparecimento do Senhor a Moisés no Monte Sinai nas nuvens de azuis e douradas. No 24º grau (Príncipe do Tabernáculo) é a cor da túnica e do avental de um Príncipe do Tabernáculo, cujos ensinamentos se referem a nossa mudança a partir desta casa de barro para a “casa não feita por mãos, mas a eterna morada nos céus”. Aqui é um símbolo do céu, como nos foi ensinado na Loja Simbólica.
Aprendemos, portanto, que pelo costume e simbolismo e não por qualquer lei aprovada ou estatutos, usamos azul ao se referir a uma Loja Simbólica como uma “Loja Azul”
[1] Artigo de vestuário exterior particular, no estilo de uma túnica ou avental utilizado pelo Sumo Sacerdote de Israel
[2] Êxodo 26:31-33
[3] Historiador e Apologista Judaico-Romano que registrou em loco a destruição de Jerusalém.
Por Foster H. Garret, 33º
Tradução: Luiz Felipe Roszenweig, M∴I∴