Quando o Império Romano Ocidental sucumbiu aos violentos ataques das sucessivas ondas de bárbaros migrantes (os godos, os visigodos e os ostrogodos) a construção de obras de arquitetura foi quase totalmente interrompida. Não havia mais nenhuma estrutura político-econômica em condições de financiar as grandes obras cívicas ou eclesiásticas e, como conseqüência, as habilidades bastante desenvolvidas que antes existiam se foram reduzindo gradualmente. Embora o conhecimento vitruviano sobrevivesse intacto nos reinos de Constantinopla, ele foi totalmente extirpado do Ocidente.
Com a influência bárbara, as formas clássicas puras de Roma transformaram-se gradualmente numa arquitetura radicalmente diferente – a medieval. O Colégio de Arquitetos de Roma, cuidadosamente controlado, fora dispersado e idéias e influências individuais foram assimiladas. Com a perda de uma autoridade central, grupos autônomos de homens com conhecimento da arte de construir se reuniram numa espécie de federação de mestres pedreiros – os antecessores dos maçons medievais, que tiveram controle exclusivo sobre a construção das catedrais posteriores.
De acordo com a antiga tradição maçônica, membros refugiados do disperso Colégio Romano de Arquitetos fugiram para Comacina, uma ilha fortificada do lago de Como, na Itália, onde resistiram durante vinte anos às incursões dos lombardos que estavam invadindo o país.
Quando finalmente foram subjugados, os reis lombardos tomaram os mestres construtores a seu serviço para os assessorarem nos trabalhos de reconstrução. A partir desse centro, os maçons, chamados comacinos por causa do seu refúgio fortificado, espalharam-se por toda a Europa ocidental e setentrional, construindo igrejas, castelos e obras cívicas para os governantes dos estados nascentes, que se seguiram ao Império Romano.
Os comacinos estavam a serviço de Rotharis, um rei lombardo, que a 22 de novembro de 643 d.C. fez publicar um édito que, entre outras coisas, também se referia aos comacinos. O título do Artigo 143 desse édito era Dos Mestres Comacinos e seus Colégios. O Artigo 144 dispunha: “Se uma pessoa qualquer empregar ou contratar um ou mais mestres comacinos para projetarem uma obra (…….) e acontecer de um comacino ser morto, o proprietário da obra não será considerado culpado.” Pode-se inferir daí que os comacinos constituíam um poderoso corpo contra o qual o rei achava que seus súditos deveriam ser protegidos. Joseph Fort Newton, em seu livro maçônico The Máster Builders, fala de uma pedra gravada no ano 712 que mostrava que a guilda dos comacinos estava organizada em três classes: discipuli et masgistri ( aprendizes e mestres – como do Estatuto de Bolonha, de 1248) sob as ordens de um gastaldo, um Grão-Mestre.
Como qualquer outro grupo de técnicos dotados de habilidades apreendidas, os comacinos ocupavam uma posição de poder e de influência. Na Europa Setentrional, onde estavam estampados todos os sinais da prática arquitetônica romana, era solicitada a prática comacina. Como os magos, os adivinhos, os astrólogos e o geomantes que cercavam a corte, nenhum rei respeitado da Idade das Trevas podia ficar sem o seu séqüito de comacinos. Durante seu reinado, eles construíam seus palácios, suas capelas e suas igrejas; por ocasião de sua morte, impressionantes mausoléus, como o de Teodorico em Ravena, na Itália, ou de Estevaldo em Repton, na Inglaterra. Essas igrejas e esses mausoléus eram o repositório do conhecimento dos comacinos sobre a geometria sagrada e a arte de construir.
O venerável Bede, em suas Lives of the Abbots, conta-nos que, no ano de 674, o rei Ecgfrith da Northúmbria decidiu construir um mosteiro para Benedito, o homem santo local. Para tanto, doou 8.400 acres do seu próprio estado, em Wearmouth. “Após não mais de um ano da fundação do mosteiro, Benedito cruzou o mar e veio a Gaul e procurou, encontrou e levou de volta com ele os maçons que deveriam erigir para ele uma igreja no estilo romano, de ele sempre gostara”.
As igrejas de pedra da Northúmbria e as obras-primas erigidas após a renascença, instigadas pelo imperador Carlos Magno, apresentam um desenvolvimento gradual em complexidade e sofisticação. Um ponto de referência capital neste processo é a Capela Palatina de Aachen (Aix-la-Chapele). Uma igreja redonda, baseada no octograma, a capela apresenta um retorno de influências do Império Oriental, que naquela época ainda florescia ao redor de Constantinopla. Todavia, igrejas contemporâneas na Inglaterra apresentam um base geométrica mais simples. A análise de muitas igrejas saxônicas de Essex demostrou que retângulos de raiz 3, 4, 5, 6 e mesmo 7 eram gerados para as plantas baixas por meio de um método simples de construção. As igrejas de Inworth, Streethall, Checkney, Hadstock, Little Bardfield, Fobbing, Corringham e White Roding possuem razões comprimento/largura que se aproximam da raiz 3. A proporção geométrica, incomum em tempos posteriores, era o resultado do esboço dos fossos da fundação por meio de uma corda, justamente como a prática egípcia antiga.
A orientação da lenha do centro era determinada pela observação direta do nascer do sol, no dia do padroeiro. O mestre maçom demarcava a largura pré-estabelecida da igreja ao sul da linha do centro. Um assistente caminhava então para a extremidade norte da mesma linha, arreando a corda. Depois, traçava-se um quadrado e, do quadrado, fazendo-se um retângulo de raiz 2. A diagonal desse retângulo era então tomada com a corda e dessa maneira se obtinha um retângulo de raiz 3. O retângulo da planta baixa da nave podia então ser completado, usando-se a corda para medir a igualdade das diagonais.
Esse método parece particularmente saxão, pois a igrejas normandas posteriores da área foram construídas geralmente com base no quadrado duplo, o ad quatratum. Os maçons de Carlos Magno utilizaram os métodos adotados posteriormente pelos normandos, e esses métodos “bárbaros” foram relegados à arena da arquitetura secular. A arquitetura de Carlos Magno e as suas imitações foram revitalização consciente da corrente principal dos métodos romanos, utilizados na famosa igreja redonda de San Vitale em Ravena, na Itália. Essa estrutura microcósmica, cujo objetivo foi demonstrado aos cognoscenti por um ladrilho feito na forma de um labirinto, foi construída no século VI por maçons de Constantinopla que haviam absorvido a geometria asiática e alguns dos seus métodos de construção. Todavia, foi só muitos séculos mais tarde que um influxo de idéias árabes foi combinado com uma consciência romana desenvolvida para criar as grandes catedrais do período gótico. A infusão de idéias emprestadas do mundo islâmico marcou um desenvolvimento importante na história da arquitetura sagrada ocidental. As idéias e as práticas geométricas do mundo clássico tardio foram aprendidas pelos árabes quando eles conquistaram cidades universitárias de importância vital, como Alexandria, muitos séculos antes. Textos como os Elementos de Geometria de Euclides foram traduzidos para o árabe e aplicados à nova arquitetura sagrada exigida pela nascente fé do Islã. Grandes progressos em astronomia, arquitetura e alquimia foram conseguidos pelos árabes, que antes estavam muitos séculos atrás de suas contrapartes européias.
Por volta do século XI, todavia, com a emergência de estados nacionais relativamente estáveis, as técnicas de construção na Europa chegaram a um alto ponto de perfeição no estilo românico, sobrepujando até mesmo as melhores obras apresentadas pelo velho Império Romano.
A construção com largos arcos fora dominada e os construtores haviam aperfeiçoado tanto as junções de argamassa, que um cronista do século XII comentou que as pedras da catedral de Old Sarum, iniciada em 1102, estavam tão bem colocadas, que se poderia pensar que toda a obra feita era feita de uma única rocha.
A esse elevado nível de perfeição somou-se um novo elemento – o arco pontiagudo, uma revolução geométrica originária da arquitetura islâmica. Afirma-se que o arco pontiagudo teve origem na Europa, no Mosteiro beneditino italiano de Monte Cassino, construído entre 1066 e 1071. Alguns, se não todos eles, dentre os maçons que trabalharam nesse projeto, eram cidadãos de Amalfi, uma república comercial italiana que possuía postos comercias em lugares tão distantes quanto Bagdad. Com esse intercâmbio, foi só uma questão de tempo para que os segredos da geometria dos maçons árabes fossem incorporados à arquitetura sagrada ocidental, para formarem um novo estilo transcendente – agora conhecido universalmente por estilo gótico, nome pejorativo que lhe foi dado no século XVIII.
O arco pontiagudo que introduziu essa revolução é produzido pela interseção de dois arcos. Em sua forma perfeita, esse arco é a metade posterior do vesica piscis. É estranha a coincidência de que o patrono de Amalfi seja Santo André. Aquilo que é tido como suas relíquias ainda repousa lá e sua efígie dourada segura um peixe – o emblema do VESICA.
Embora os pacíficos comerciantes de Amalfi importassem o arco pontiagudo, os outros segredos maçônicos do Islã não foram conseguidos sob a égide do comércio. A 27 de novembro de 1095, o Papa Urbano II conclamou a cristandade para liberar os lugares santos e devolvê-los ao cristianismo. Milhares de homens piedosos, sacerdotes, monges, mercenários, soldados regulares e oportunistas atenderam ao chamado do Pontífice. A Primeira Cruzada foi bem sucedida. Nicéia foi capturada em 1097; no ano seguinte caiu Antioquia e a 15 de julho de 1089 a cidade santa de Jerusalém; rendeu-se aos exércitos do cristianismo após um cerco de apenas seis semanas.
Com esse sucesso, os “francos” como eram conhecidos os cristãos ocidentais, prosseguiram na obra de consolidação de suas conquistas. Como na Inglaterra, trinta anos antes, o país conquistado foi tornado seguro para os novos senhores por meio do reforço de velhos castelos e com a construção de novos, em pontos estratégicos por todo o país. Os maçons empregados para a construção desses castelos utilizaram o trabalho escravo, que sem dúvida incluiu uma boa quantidade de maçons árabes, pois seus desenhos incorporam muitas características desconhecidas dos artífices europeus.
O entusiasmo dos maçons daquele período são demonstrados pela rapidez espantosa com que as novas idéias conquistaram a Europa. A estrutura completa da abóbada de pedra reforçada com traves, conhecida apenas na Pérsia e na Armênia antes do ano 1100, foi utilizada na distante Catedral de Durham já em 1104. Em Gales, a Abadia de Neath foi construída por um dos maçons do rei Henrique I, Lalys, um prisioneiro de guerra sarraceno. Suas técnicas, aprendidas no Oriente Médio de uma tradição isolada, foram sem dúvida transmitidas aos maçons ingleses e galeses que trabalharam com ele nesse projeto.
Outro elemento importante na época, foi a redescoberta das obras de Euclides, o geômetra grego. Sua obra fora considerada perdida para a Europa, com a queda do Império Romano e sobrevivera apenas nas traduções árabes. Por volta de 1120, o erudito inglês Adelard of Bath fez uma tradução dos Elementos do árabe para o latim, que os tornou acessíveis pela primeira vez aos geômetras e maçons europeus. O modo de transmissão dessa obra seminal para a Inglaterra não é conhecido, mas os Cavaleiros Templários, que eram o repositório de muito saber arcano tradicional, podem tê-la obtido de uma fonte conquistada.
Ao longo dos séculos XII e XIII, foram desenvolvidas e refinadas as primeiras formas góticas. Os métodos islâmicos foram estudados e incorporados numa nova linguagem forma que passou de mão em mão com uma explosão de simbolismo místico. As grandes catedrais dessa época, como as de Chartres e de Paris (Notre Dame), apareceram numa forma completamente nova, num tempo consideravelmente curto. Sua construção, executada com um fervor literalmente religioso, continua sendo uma proeza de organização.
Uma tradição isolada, mas paralela da arquitetura de igrejas, estava seguindo o seu curso. Conquanto as igrejas redondas configurem um tema contínuo, embora fragmentado, ao longo de toda a arquitetura sagrada do mundo cristão, elas ocupam um lugar especial e um pouco herético no esquema da geometria sagrada. O edifício redondo ocupou um lugar especial na iconografia cristã, pois fora a forma escolhida para o Santo Sepulcro que uma vez marcara o lugar do túmulo de Cristo e o centro do mundo. Como a forma circular desses edifícios representasse a reprodução microcósmica do mundo, as igrejas redondas representavam um toda a pare os micro-cosmos locais que ocupavam o omphalos geomântico local.
As igrejas redondas derivaram originalmente dos templos pagãos primitivos da mesma forma. Os templos romanos redondos de Tivoli e Spalato, que sobreviveram até aos tempos modernos, são típicos dos santuários que inspiraram os geômetras sagrados cristãos. O templo de Tivoli foi baseado no modelo grego, com colunas externas, mas o de Spalato, que fazia parte do complexo do palácio do imperador Diocleciano, possuía colunas internas. Esse templo, planejado segundo o octógono, como muitas igrejas templárias posteriores, formou o protótipo dos santuários cristãos primitivos, tais como o de San Vitale em Ravena, que por sua vez influiu sobre o Santo Sepulcro em Jerusalém e sobre a Capela de Carlos Magno.
Como os templos pagãos, as igrejas redondas eram micocosmos do mundo. Na Idade Média tardia, elas tornaram-se a prerrogativa dos Cavaleiros Templários. A Ordem do Templo foi constituída em 1118 em Jerusalém, com a função aparente de prover proteção aos peregrinos da
Terra Santa. O seu poder cresceu, e logo a Ordem se tornou fabulosamente rica e capaz de erigir capelas e igrejas por toda a Cristandade (vide a igreja do Templo em Londres). A forma redonda da igreja tornou-se relacionada com a Ordem, e no centro de suas igrejas não havia nenhum altar, mas sim um cubo perfeito, de pedra talhada, que era um dos mistérios dos Templários.
A ordem foi extinta em 1314 e muitos dos seus oficiais mais graduados foram sentenciados à pena de morte pelas autoridades de Filipe V de França. Antes de sua extinção os Templários construíram templos redondos por toda a Inglaterra: Cambridge, Bristow, Canterbury, Dover, Warwick. Mas o de Londres era a sua casa principal, por ter sido construído segundo a forma do templo que está próximo do sepulcro de Cristo, em Jerusalém. Atualmente, apenas seis igrejas redondas existem nas Ilhas Britânicas, duas delas em ruínas. A igreja do Templo em Londres teve a sua cúpula destruída pelos alemães na 2ª Guerra Mundial, mas foi reconstruída.
Como já dito, as igrejas redondas pertencem a uma tradição separada da corrente principal da geometria sagrada eclesiástica. Com a extinção dos Templários, a forma redonda das igrejas foi eliminada, até que a Renascença a redescobrisse, diretamente das fontes pagãs antigas. Mas foi novamente suprimida, quando a Igreja reconheceu as suas origens. A forma redonda, ao contrário de outros padrões tais como a Cruz Latina, ao representava o corpo de um homem ou o corpo de Deus. Ao contrário, representava o mundo, o domínio da matéria e, em termos cristãos, as forças satânicas (na Idade Média satã era figurado como Rex Mundi – o rei do mundo). No costume Templário, essa materialidade era enfatizada pelo cubo que se situava no centro da rotunda. O cubo no interior do círculo representava a terra nos céus, a fusão dos poderes considerados heréticos pelos cristãos medievais, donde a perseguição aos alquimistas, magos e heréticos que se empenhavam nessa fusão. Com esse simbolismo exposto, não foi difícil provar a acusação de heresia contra os Templários. Princípios islâmicos públicos, derivados da ala mística do maometismo, os Sufis, só serviram para amaldiçoar ainda mais os Templários.
Por outro lado, o conhecimento técnico islâmico era de outra natureza. E apareceu por meio de um conjunto de circunstâncias, um segundo período de influência islâmica que deveria varrer o gótico chamado puro de Chartres. Durante o século XIII, as hordas mongóis saíram de sua base na Ásia Central e se converteram numa séria ameaça ao Oriente Médio e à Europa. Após a primeira fase de expansão, o Império Mongol estava consolidado com seu posto avançado na Pérsia, sob o governo de um vice-rei, que atendia pelo título de ILKHAN. Tendo deixado de representar uma ameaça à Cristandade, os mongóis logo foram vistos como aliados contra os turcos. Vários reis cristãos enviaram emissários a sucessivos IlKhans, a fim de cultivar essa aliança. Digno de nota foi o Olkhan Arghun (1284-1291), que manteve relações com muitos estados cristãos. Ele chegou a enviar uma embaixada a Londres, em 1289. Em troca, o rei Eduardo I da Inglaterra enviou uma missão comandada por Sir Geoffrey Langley à Pérsia. Langley participara de uma cruzada com o rei no começo dos anos 70 e viajara à Pérsia via Constantinopla e Trebizonda, em 1292. Tais embaixadas eram um canal para a transmissão de novos conhecimentos. Os arquitetos asiáticos misturaram as suas técnicas com a tradição islâmica persa e aos poucos o seu estilo foi transformado pelos maçons europeus.
Um edifício do período Ilkhan que exerceu grande influência na Europa foi o famoso mausoléu do Ilkhan Uljaitu, em Sultaneih. No início do século XX, o erudito alemão Ernst Diez fez estudo completo desse memorial. Toda a sua estrutura é determinada por dois quadrados interpenetrados que formam um octógono. A partir da base octogonal, derivou-se a elevação, que triângulos e quadrados. A altura do mausoléu, medida por M. Dieulafoy nos anos 80 do século XIX, é de 51 metros e o diâmetro interno tem exatamente a metade. Um sistema de razões derivadas geometricamente, foi a origem básica dessas harmonias, ao passo que o diâmetro principal dos pilares, que servira aos gregos como módulos, os arquitetos persas levaram essa medida para as dimensões dos arcos ou domos, em relações determinadas e proporcionais às outras partes do mausoléu. Neste mausoléu, o ponto básico de partida foi a dimensão do diâmetro da câmara mortuária.
A arquitetura deste mausoléu foi o ponto de partida que influenciou o octógono da Catedral de Ely, no leste da Inglaterra. A origem oriental desta geometria não deteve os mestres maçons no desenvolvimento de seus projetos. Como tecnólogos progressistas, eles acolheram com prazer as novas idéias orientais e as incorporaram às suas últimas obras. Os princípios transcendentes foram adotados por homens de saber, cuja compreensão do simbolismo os capacitara a trabalhar com novas e insuspeitadas técnicas.
O conhecimento acumulado da Pérsia e de outros países do Oriente Médio foi logo aumento, com informações provenientes de outros lugares. Em 1293, missionários cristãos foram da Itália à China, e em 1295 Marco Pólo retornou a Veneza, vindo de Pequim. Com esse intercâmbio sem precedentes, eram inevitáveis novas geometrias sagradas. Um exemplo disso e o Grande Salão da Piazza della Ragione, em Pádua. Foi desenhado por um frade agostiniano chamado Frate Giovanni, por volta de 1306. Giovanni trabalhara em muitos lugares da Europa e da Ásia e trouxera planos e desenhos dos edifícios que vira. Em Pádua, reproduziu um vasto teto de vigas que vira na Índia, e que media 240 por 84 pés.
Outras influências orientais podem ser demonstradas pelo aparecimento simultâneo de temas exóticos em lugares bastante distantes entre si. O arco de gola, em que os arcos que formam o arco são voltados para fora e continuam como uma característica arquitetônica sobre a porta ou janela, apareceu simultaneamente tanto em Veneza quanto na Inglaterra. Detalhes da porta de St. Mary Redcliffe, em Bristol, e também na catedral dessa cidade e no castelo de Berkeley, também apresentam uma influência oriental inconfundível, que pode ser comparada com a obra de Lalys, em Neath.
As visitas de registradores desses detalhes arquitetônicos locais, tais como as de Simon Simeon e Hgh, o Iluminador, na Terra Santa em 1323, serviram para reforçar o interesse nos círculos monásticos pelo desenho oriental. O estilo “perpendicular” na Inglaterra, que surgiu por volta do final do século XIV, foi prenunciado pelos hexágonos alongados dos edifícios muçulmanos egípcios do século XIII. Os elementos verticais que cruzam a curva de um arco, uma característica importante do desenho da Capela do King’s College em Cambridge (iniciada em 1446), já existiam no Mausoléu de Mustapha Pasha no Cairo, construído entre 1269 e 1273.
Os maçons da Europa, embebidos em conhecimentos geométricos, assimilaram prontamente as técnicas da arquitetura simbólica do Islã, realçando-a e trazendo-a para uma nova era. Eles nos legaram, ao longo dos séculos todas as obras de arte que são o deleite dos olhos e dos sentidos dos amantes da cultura e da beleza universal. Devido a isso, os nossos Irmãos Operativos são verdadeiros Benfeitores da Humanidade.
ANTÓNIO ROCHA FADISTA
M.’.I.’., Loja Cayrú 762 GOERJ / GOB – Brasil
Fonte: http://www.maconaria.net