A Maçonaria não é uma sociedade secreta
A Maçonaria, nos seus princípios, teve de tomar diversas precauções que hoje não necessita mais, pois a era da Inquisição e do processos antigos deu lugar a uma época de liberdade e de justiça. A Maçonaria não tem mistério; ela abre suas portas a todo o mundo, pelos mesmos motivos que o fazem outras associações. As recepções dos membros novos exigem certas cautelas, que se tomam também em outras sociedades. De resto, as Grandes Lojas e as Lojas, registram seus estatutos e a lista dos seus membros; os locais das Lojas são visíveis e conhecidos de numerosas pessoas que não pertencem à Maçonaria. São os adversários que favorecem a propagação desta ideia duma sociedade secreta, que em suas assembleias misteriosas e entrega a atos malignos. As pessoas inteligentes, jamais acreditaram nessas tolices e é o seu julgamento que ampara os Maçons.
A Maçonaria moderna não tem nenhum segredo, mantém ciosamente os seus interesses de família e assim como os membros de um lar não contam cá fora o que se passa em sua casa, a Maçonaria ensina a seus partidários que a discrição é uma virtude que assenta num homem de bem.
A Maçonaria não é uma seita religiosa
Há, com efeito, muita gente que compara a Maçonaria a uma seita religiosa. Os católicos romanos sustentam mesmo, pela boca de seus padres, que os Pedreiros-Livres adoram o diabo e que com ele têm relações misteriosas. A Maçonaria hodierna de 1723, assentou um princípio ao qual todos os agrupamentos do mundo seriam fiéis, para conhecimento de que a Maçonaria não impõe aos Maçons senão a religião a qual todos os homens estão de acordo, isto é, “ a lei moral que forma o fundo de todas as religiões, sem tocar nas opiniões particulares e nas diferentes maneiras de ver de cada um”. Tudo o que se pede aos Pedreiros Livres é que sejam homens de bem, de honra, fieis e probos, qualquer que sejam seus títulos ou suas convicções. A Maçonaria deve ser assim: – um ponto de reunião para todos os homens livres, gozando boa reputação e um meio de estabelecer relações amistosas entre aqueles que diversamente, permaneceriam completamente estranhos uns aos outros.
Isto disse um escritor, tendendo para um estado de emancipação e de independência. Os homens da sociedade contemporânea não querem mais inclinar-se perante as autoridades que eles próprios criaram; recusam prosternar-se diante de ídolos feitos por suas mãos, porque, após as ideias que adquiriram, o temor e a submissão não fazem mais parte do vero sentimento religioso e o tipo da verdadeira piedade não é, para eles, o manso cordeiro. A religião a seus olhos, não é um conjunto de formas exteriores, porém um dever de sentimento; não consiste na fé cega aos dogmas, mas na livre elevação do espírito acima da prosaica realidade. A Maçonaria não é, pois, uma seita religiosa.
A Maçonaria não é um agrupamento político
Para se convencerem da verdade desta declaração, bastará consultar os artigos publicados em “Boletins” e publicações maçônicas de todos os países. Estas listas provam que nas Lojas se encontram homens cujos ideais religiosos e políticos são os mais opostos, desde o positivista mais convicto ao cristão mais evangélico, desde o revolucionário provado ao soberano monarca de grandes potências. Se discussões religiosas ou políticas se produzissem no seio das Lojas, se esse gênero de debates fosse admitido, a Maçonaria não existiria mais e não teria atravessado dois séculos de próspero e crescente desenvolvimento.
A Maçonaria dá a cada membro a liberdade de suas crenças pessoais, ensinando-lhe que toda a convicção sincera é digna de respeito. Não há no mundo nada mais interessante do que estudar as questões de controvérsia política e religiosa.
A Maçonaria não é uma sociedade de socorros mútuos
São ainda os adversários da Maçonaria que propagaram a ideia que os aderentes desta instituição devem, a respeito de tudo e de todos, auxílio e proteção a seus Irmãos. Afirma que eles juram dar-lhes seu concurso em todas as circunstâncias. É evidente que entre Irmãos e membros da mesma associação, – e isto se dá em todas as sociedades – se deve afeto e devotamento mútuo, mas, este fato não provém de maneira nenhuma da qualidade de Maçom. Este tem como primeiro dever ser um bom pai, um homem reto e leal, antes de socorrer o Irmão que sofre tribulações. Esse benefício, esse apoio, não participa diretamente da obra maçônica, que não tem por fim preocupar-se exclusivamente com seus adeptos, mas em geral, do bem da humanidade. Aqueles que se tornaram Pedreiros-Livres na esperança de obter vantagens financeiras ou quaisquer outras, enganaram-se, porque a instituição, antes de tudo, exige devotamento e sacrifícios. O Maçom dever dar à Maçonaria muito mais do que recebe dela.
A Maçonaria não é uma sociedade filantrópica
Demonstramos, ainda em outra parte que a Maçonaria se ocupa exclusivamente de obras de beneficência e sociais. Numerosos estabelecimentos foram fundados e são mantidos pelas Lojas e pelas Grandes Lojas e Grandes Orientes.
É um dever que decorre muito naturalmente dos princípios maçônicos: o de trabalhar para diminuir a miséria e o pauperismo que entrava o desenvolvimento moral e intelectual da humanidade. Há do lado da atividade humana um trabalho considerável e cujas consequências são fáceis de entrever. A preocupação constante do pão quotidiano é uma escravidão que retarda ou impede o adiantamento da vida moral. A Maçonaria tem, pois, o dever de se preocupar com todas as obras filantrópicas, mas não é esse o seu fim essencial, mas sim uma consequência das mais importantes desses princípios. Quando o amor fraternal e a tolerância tiverem substituído o ódio e a separação, a filantropia já não será necessária.
Fonte: Livro Maçônico do Centenário, de autoria : Octaviano Bastos, Optato Carajurú e Everardo Dias. Lançado pelo Grande Oriente do Brasil, em 1922, em homenagem ao seu centenário de fundação. Pags. 87/89.
Pesquisa: Helio P. Leite
Fim da presente série.
Fonte: JB News
