Depois de participar de uma gestão e ficar quietinho em um canto da Loja é que se começa a aprender muita coisa em Loja. Claro que o ex-Venerável, por força de Regulamento e normas da Grande Loja de Santa Catarina, passa a sentar-se à direita do novo Venerável Mestre com intuito de orientar, corrigir e auxiliar nos trabalhos de Loja, além de passar a chamar-se de Venerável de Honra.
Pois bem, durante quase toda a transmissão dos cargos observei e fiquei maravilhado com o desenvolvimento de toda a Sessão, principalmente com a desenvoltura do Irmão empossado diante do trabalho, dando a impressão que ali estava um Venerável Instalado de muitos anos, pela firmeza e serenidade da condução.
E comecei a notar a importância dos cargos em Loja. Cada qual com o seu poder de realização dentro de Loja. Por exemplo, os Irmãos Vigilantes, “não obstante o elevado cargo” que ocupam, eles não devem esquecer que, “em todas as coisas concernentes à Maçonaria”, todos os demais Irmãos estão no mesmo nível deles.
Os Irmãos Vigilantes têm o poder, mas eles estão no mesmo nível dos demais. Além do mais, os malhetes que lhe são entregues são para “fortalecer e embelezar os trabalhos do Venerável Mestre” e ajudá-lo com zelo no governo da Loja.
E assim seguem os detalhamentos dos demais cargos em Loja, mostrando-lhes as suas respectivas responsabilidades, deveres e contribuição à Loja e aos Irmãos.
Mas quero ressaltar um cargo, embora todos os cargos de uma Loja, são importantes por natureza, pois são comparados a uma orquestra, em que todos trabalham cada qual com a sua função, mas sem poder desafinar, sob pena de ter um resultado desastroso. Estou falando do cargo de Mestre de Harmonia.
Esse cargo, cuja joia é uma LIRA, tem a responsabilidade pelo “equilíbrio vibracional da Loja, propiciando o momento fértil para as manifestações do Grande Arquiteto do Universo”.
Isso me chamou atenção. E se refletirmos bem, veremos a profundeza dessa afirmação. Ele é que, com as músicas devidas, dará o verdadeiro equilíbrio em que irá vibrar os nossos sentimentos em direção ao espiritual. A importância desse equilíbrio é que vai facilitar a egrégora que se formará dentro de Loja.
É colocando no devido tempo as músicas, em seu equilíbrio de tom, suavidade e momentos especiais em que se faz necessário a música. E sabemos que a música realmente vibra dentro do nosso ser enlevando para um patamar especial de encontro com o superior.
Ser Mestre de Harmonia é ser uma pessoa de uma sensibilidade musical com capacidade de sentir, de emocionar e se comover. E, lógico, tem que gostar de música. Ser um apaixonado.
Quero deixar bem claro que não existe regulamento ou normas sobre a função de Mestre de Harmonia. A não ser aqueles momentos em que o Ritual solicita “absoluto silêncio”, e por questão de bom senso, não se deve colocar música quando um Irmão esteja falando, ou quando esteja aplicando Instruções do grau. O Regulamento do Mestre de Harmonia é a sensibilidade de quem está no cargo que vai valer na execução das músicas. Alguns dizem que não se deve colocar músicas sacras, outros que não se deve colocar músicas profanas e, assim vai enchendo o encarregado de dúvidas e, no final, às vezes, as coisas não saem a contento.
Quero afirmar aqui, pela experiência que adquiri durante a minha vida maçônica, que qualquer música pode ser tocada, desde que vibre o ser humano para uma elevação. Agora há de se respeitar as sensibilidades alheias, e ter bom senso, como por exemplo, não colocar uma música sacra com a presença de vários Irmãos de religião que não seja, por exemplo, a católica. Mas para tudo exige sensibilidade e equilíbrio.
No fundo, o que o Mestre de Harmonia deve fazer é colocar de preferência músicas de autores maçons, que temos em abundância, em que cito alguns como Claude Debussy, Felix Mandelssohn, Franz Liszt, George Gershwin, Giacomo Meyer Beer, Johan Hummel, Johann Bach, Joseph Haydn, Charles Francis Gounod, Carlos Gomes, Julis Massenet, Ludwig van Beethoven, Luigi Cherubini e tantos outros. Mas toda essa gama não significa que todas são tocáveis para uma Sessão maçônica. Algumas podem até não encaixar. Mas, repetindo, vale a sensibilidade do Mestre de Harmonia na sua escolha e preparação das músicas para uma Sessão.
Além dessas, existem várias outras músicas, ditas profanas, que podem e devem ser colocadas em uma Sessão. Poderia citar vários, entre estes, como de Ennio Morricone, compositor, arranjador e maestro italiano. Foi responsável e fez arranjo de mais de 500 filmes e programas de televisão. Interpreta várias músicas famosas de películas como “Apocalipsis Now”, “Fateless”, “Gabriel’s Oboe”, “Ballad of Saco and Vanzetti”, e tantos outros. De Ernerto Cortazar, compositor mexicano, também com várias produções cinematográficas e músicas, como “Beethoven’s Silence”, “Concerto de Aranjuez”, “L’Adieu”, “Remembrance”, “When the Waves Dance” e tantos outros. Não podemos nos esquecer de Gheorge Zamfir, flautista romeno, conhecido mundialmente pela “flauta de pã” com músicas como “Meditation” de Julis Massenet, muito colocado para abertura do Livro da Lei. Como podemos ver, existe uma variedade muito grande de músicas para serem colocadas em uma Sessão maçônica, e vai depender, única e exclusivamente do Mestre de Harmonia de saber escolher e atingir o objetivo de sua função: fazer o “equilíbrio vibracional da Loja, propiciando o momento fértil para as manifestações do Grande Arquiteto do Universo”.
Fraternalmente,
Juarez de Oliveira Castro
Mestre Maçom Instalado
ARLS.´. Alferes Tiradentes nº 20
Filiada à Grande Loja de Santa Catarina
Florianópolis – Santa Catarina
Fonte: http://lojamaconicasaojose14.blogspot.com.br/2012/
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Esta Coletânea reúne alguns retalhos e recortes da rica história do Grande Oriente do Brasil, primeira Potência Maçônica a se instalar em território brasileiro, em 17 de junho de 1822, em comemoração aos seus 195 anos de existência. Acesso o site oficial: www.gob195anosdehistoria.com.br
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