Em 4 de Julho de 6016, a Oriente de Sintra, três Respeitáveis Lojas unem-se para constituir a nossa Grande Loja Unida de Portugal.
Entre elas, encontrava-se a R:.L:. Pátria, nº 2 que adotou como prática ritualística, o Rito Escocês Antigo e Aceite.
Importa pois, mesmo que de forma sucinta, descrever alguns aspetos históricos deste Rito, bem como a relevância do seu simbolismo.
Nos últimos três séculos, muito se tem escrito sobre o Rito Escocês Antigo e Aceite, tendo diversos autores seguido por vias alternativas em aspetos relacionados com as sua bases, origem e constituição.
As opiniões dividem-se nesta matéria, havendo porém algumas correntes fundamentais, que por terem os seus registos validados através de consulta a atas da época, é possível seguir:
Independentemente da presumível influência Templária que o nosso Rito possa ter recebido, não havendo também unanimidade em relação a este aspeto, sabe-se que o mesmo nasce em França e não na Escócia, recebendo apenas esta designação pela relação com os graus que lhe foram conferidos.
Com efeito, se nos centrarmos nos primeiros registos escritos de um Rito Escocês, concluímos que apenas surge em 1730, com a atribuição de um grau de “Mestre Escocês”. Este grau denominado de filosófico, serviria apenas de complemento aos graus simbólicos, ou seja, a chamada Maçonaria de altos graus.
Factualmente, pela veracidade dos documentos acima mencionados, sabe-se que no ano de 1745 é fundada em Bordéus a primeira Loja de Mestres Escoceses, de seu nome ‘’Elus Parfaits’’ fazendo parte da sua estrutura o I:. Etienne Morin, que anos mais tarde, após inúmeros serviços prestados, vem a ser nomeado Grande Inspetor. De acordo com os poderes que lhe foram conferidos, cria em 1753 a sua ‘’ Loja de Mestres Escoceses em Santo Domingo, atual Haiti, à data, uma das várias colónias do Império Francês.
Desde então, é possível encontrar inúmeros registos físicos, que relatam o aparecimento de novas Lojas nos diversos territórios de França, espalhando-se a partir deste ponto por todo o mundo ocidental.
O nascimento oficial do Rito Escocês, surge pela sua rápida aceitação na América colonial, onde em 1801, pela primeira vez, é formado através dos célebres Onze cavalheiros de Charleston, o Supremo Concelho do Rito Escocês nos Estados Unidos.
Ainda no decorrer do século XIX, após o dinamismo imposto ao Rito por Albert Pike, este ganha uma enorme popularidade, tornando-se numa verdadeira potência mundial.
Com base em registos da época, sabe-se que chega finalmente a Portugal em 1873 por via da Grande Loja de Dublin, que o introduz num sistema mais simplificado de apenas três graus, praticado de forma pioneira pela Loja Regeneração nº1.
A Maçonaria em geral e este nosso Rito em particular, ganham em Portugal um crescente interesse e adesão, pelo facto de facultar aos seus membros uma nova perspetiva de valores morais e sociais, assentes no simbolismo de uma Loja, com as suas Colunas de Sabedoria, Força e Beleza, enquanto complementos de qualquer obra humana, alicerçada nos deveres de solidariedade e compromisso dos seus membros.
No decorrer do último século, ao abrigo de inovações introduzidas e fundamentadas em argumentos de modernidade ou simplificação, foram retirados ao Rito Escocês Antigo e Aceite elementos e partes substanciais dos seus rituais, mantendo-se porém até aos dias de hoje, a nobre tradição francesa da sua origem.
No respeito por estes ancestrais manuais de ensinamentos, o R:.E:.A:.A:. mantém porém a peculiaridade do seu ritualismo, revelado pela métrica marcial das suas circulações, compenetração dos seus movimentos e rigor na execução das cerimónias, num interminável trabalho à Glória de Deus.
Continuando a usar como pontos cardeais a Sabedoria, a Força e a Beleza, fazemos por norma, um lento mas seguro progresso, procurando incansavelmente a Luz nas nossas Colunas.
O vermelho explícito deste nosso Rito, anuncia-nos que a sua força basilar é o sustento das suas Colunas, que servem simultaneamente de base aos nossos esforços, num claro resultado de uma paixão dominada e finalmente tornada em ferramenta útil.
Usamo-la para erguer a obra com os nossos Irmãos, talhando a pedra interior, numa construção, que bem sabemos, outros antes de nós começaram, e que jamais a veremos terminada.
Esta inevitabilidade é por todos encarada com naturalidade, pois sabemos que a mesma é parte fundamental deste caminho
Nesta obra, em que a crença no Divino é fundamental e comum a todos os Irmãos, permite o Rito, que diferentes designações possam ser evocadas, podendo inclusivé divergir na sua origem, mas acabando certamente por se encontrar no destino, de forma a que o projeto possa progredir à Glória do Uno.
Trabalhamos ainda hoje em função das nossas capacidades, ao nosso próprio ritmo, tentando imitar o Sol no seu Zénite, persistindo até que finalmente possamos com ele conseguir atingir o Nadir.
Quando a luz cessa dando lugar ao cintilar das estrelas, conseguimos por vezes ler nelas os seus desígnios e perceber finalmente alguns dos seus mistérios.
Chegada a hora, quando os ponteiros se juntam, reunimos em redor do plano traçado, dando-lhe a forma que permita a união das suas extremidades.
É então tempo de Orar e inspirar. Ouvir e ser inspirado.
E quando os malhetes ressoam, abrindo vias para o que não se vê, juramos guardar as nossas palavras e recolhemos em paz.
Regressados às trevas, agora armados de novas forças, podemos novamente combater o que a nossa moral não pode nem deve tolerar. Neste regresso à sociedade, deveremos ser as invisíveis Colunas que a sustentam, assumindo essa solene responsabilidade, se possível, com o estoicismo de um farol perante a fúria da maré.
Impõe-se que continuemos a Obra!
JF, M:.M:.
Fonte: http://glup.pt/nota-sobre-o-r-e-a-a/