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O FAMIGERADO TROTE DA INICIAÇÃO

A vista do texto postado hoje (23), relativamente ao título em epígrafe, pelo Eminente Grão-Mestre Luis Carlos de Castro Coelho, no WhatsApp  – Grupo Executivo, e para ratificação de suas palavras, estamos postando o artigo do Ir. Juk, abaixo:

“É extremamente lamentável quando nos deparamos com acontecimentos desse tipo dentro da Sublime Instituição, e o que é pior: recepcionando um Candidato. Fico aqui imaginando que conceito deve ter feito o Iniciando durante essa verdadeira “baderna organizada”. Tomara “Deus“ que ele (o iniciado) esteja ainda presente na Ordem e, tomara mais ”Deus” ainda que ele já não tenha se tornado também mais um ator dessa comédia burlesca.
Sinceramente, eu gostaria de saber quem é o Orador dessa Loja. Que representante é esse do Ministério Público Maçônico que permite atos e cerimônias que não estão previstas no Ritual? No mínimo essa barbaridade deveria ser denunciada ao poder competente da justiça maçônica.
Salvo juízo em contrário, no GOB esses procedimentos são repudiados e não estão previstos no ritual. Acredito também que nas nossas Obediências coirmãs isso não esteja previsto, porém se estiver, prefiro me calar, todavia imensamente decepcionado. Penso que Lojas que assim procedem estão muito longe, mais muito longe mesmo de compreender o que é Maçonaria. Pensam uns desse naipe que Maçonaria é necrópole fazendo incursões em cemitérios. Outros ainda fazem da Ordem Maçônica uma escola de trotes, momento em que aproveitam para expor os seus sentimentos de sadismo. Outros ainda mais querem julgar a coragem do proposto através da famigerada, esdrúxula e ultrapassada prova da “cadeira de pregos”, procedimento esse criado por um delator e caluniador da Maçonaria (Léo Taxil). Pasme então: os arcanos do conhecimento dessa Oficina introduzem uma prova criada por um inimigo e delator da Sublime Instituição para completar a algazarra. É mesmo deplorável. Um Canteiro de Obra desse quilate provavelmente nada constrói e quando assim se propõe, fatalmente edificará sobre um alicerce comprometido. Infelizmente ainda existe uma gama de Irmãos que querem justificar o injustificável alegando tal “tradição” da Loja. Ora, tradição é a da Maçonaria e não da Loja. Na verdadeira e tradicional Maçonaria (escola de moral, ética, direito e razão), esteja certo, absurdos dessa natureza nunca ganharam guarida. Quanto ao ataúde e o lamento durante a cerimônia – pelo seu relato esse é mais um enxerto praticado contra o Rito Escocês Antigo e Aceito, e o que é pior, além de copiar uma prática inexistente no Rito em questão, ainda a copiam de maneira completamente errada! O “teatro do perjuro” existe corretamente em outro Rito, e nele o procedimento é verdadeiro e tradicional. Nele o primeiro ato se inicia na Câmara de Reflexão e o seu epílogo (segundo ato) num determinado momento durante a cerimônia de Iniciação (apresentação teatral ao Candidato do final trágico daquele que comete falta à fé jurada). Essa é sem dúvida uma belíssima alegoria que é executada com requintes de teatralização para a boa compreensão do iniciando, todavia não é prática doutrinária, pelo menos como alegoria e cena, do Rito Escocês Antigo e Aceito e nem mesmo da forma praticada conforme exposição dos fatos que deram origem a essa consulta. Infelizmente, houve no passado, muitos rituais escoceses que sofreram enxertos de práticas de outros ritos, o que fez, e ainda faz para alguns, o sentido de que a prática esta correta. Daí o aparecimento desse teatro ainda se fazer presente em alguns rituais brasileiros.
Ilustrando, existem ocorrências que se tornaram norma consuetudinária, como é o caso, por exemplo, da prova da “taça sagrada”, prática essa original de outro Rito, entretanto arraigou-se de tal forma na grande maioria dos rituais escoceses praticados no Brasil que hoje é praticamente impossível se retirarem o costume dessa estrutura ritualística. Considerações à parte, o fato é que nesse caso, o do perjuro, a intenção além de ser alienígena no Rito Escocês, é nele equivocadamente interpretada como uma forma de apenas se assustar o Candidato. Ora, esquecem esses protagonistas o principal, ou seja: a mensagem moral exarada pela apresentação desse teatro iniciático.
O que me faz tirar essa conclusão é o fato de que uma Loja que pratica todo um corolário de barbaridades como o citado durante o questionamento no começo desse escrito, certamente não deverá estar nem um pouco preocupada com o verdadeiro objetivo da prática, a despeito de que nem mesmo deva ela entender qual a razão de uma passagem litúrgico-ritualística – seja ela qual for. É até interessante uma reflexão sobre o caso. Primeiro aparece um cemitério, corda para arrastar o Candidato, batucada em lata de tinta vazia, cadeira de prego, gangorra, etc. Mais tarde para coroar a cena encerram com um protagonista fazendo papel de morto, outro lamentando e outro fazendo oração. A cena assim produzida é no mínimo contraditória, para não se dizer tragicômica. Imagine-se o que deve ter pensado o assistente principal no dia da sua Iniciação. Acho eu que devem ter levado bastante a sério o jargão do “pobre candidato”, porém pobre não, todavia um “coitado de um candidato”. Assim, se a Loja que praticou esse mistifório for pertencente ao GOB, ela simplesmente se contrapôs acintosamente ao que está legalmente escrito no ritual em vigência, sendo, portanto passível de punição. Caso ela pertença à outra Obediência, no tocante ao “perjuro”, carece-se de uma melhor análise e verificação do que está previsto no ritual atual. Ritual aprovado e em vigor, mesmo sendo contraditório com a pureza de um Rito, deve ser legalmente observado e cumprido. Já em relação aos outros acontecimentos narrados, se eles estiverem previstos legalmente, eu prefiro mesmo é me calar, porém não sem antes apresentar o meu veemente protesto contrário aos absurdos descrevidos. Igualmente, fica ratificada que o teatro do perjuro não é prática tradicional do puro Rito Escocês Antigo e Aceito, porém é tradição sim em outro Rito. Assim quero deixar bem claro que não vai aqui qualquer crítica ou desrespeito ao Rito e ao seu ritual que verdadeiramente faz uso desse teatro simbólico como detentor da sua tradição, uso e costume. Os apontamentos aqui descritos são apenas para aqueles que praticam o Rito Escocês Antigo e Aceito, contudo extensivos a outros ritos que porventura possam vir de encontro com a sua estrutura ritualística, litúrgica e doutrinária;
Concluindo. Só tenho a lamentar que práticas ligadas às raias do absurdo ainda façam parte furtivamente da nossa Sublime Instituição. É verdade que acontecimentos dessa magnitude têm apenas o compromisso de suprir o “ego vivendi” e nunca o “cosmos vivido” daquele que jurou cumprir e fazer cumprir as Leis que dão esteio e amparo para o verdadeiro construtor social. Tenho dito!
Autor:Ir. PEDRO JUK
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