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O IMAGINÁRIO ECUMÉNICO de PORTUGAL

O Universo Mitológico Português como “contributo” (para) e “reserva” do Universo Mítico da Europa.

1 – O presente texto apresenta-se como simples documento de trabalho, assumido como mero complemento a uma reflexão mais ampla, sobre o fundamento antropológico, histórico, mítico, ritualístico, do complexo imaginário português.

-Não terei a preocupação, por agora, de imprimir qualquer ordenamento lógico, sequencial, de factos importantes do nosso imaginário, pela simples razão de que as ideias, vão surgindo na mente em avassaladora catadupa, sem que seja possível aprisioná-las. São ideias “vadias” que, esvoaçam e diluem-se com uma rapidez tal, que torna impossível a sua apreensão, por uma exasperante escrita demasiadamente lenta.

2 – Alguns pressupostos de partida:

a) Dou acolhimento aos comentários que emergem na coletividade em que me integro, sobre a eventualidade de uma tónica narrativa, algo excessiva, ou de uma impressividade hegemónica, das metáforas de tradição judaico – cristã, adotadas nas nossas práticas formais. Não se denega a dimensão universalista e ecuménica, das atitudes e valores humanistas (inspirados naquela tradição), constantemente reiterados, nem tão pouco a sua possibilidade de operacionalização, numa excelente pedagogia, cada vez mais necessária, nos nossos dias de extrema materialização, ganância e hedonismo.

b) Mas também, apoio sem reservas as orientações e conclusões, veiculadas por uma plêiade de estudiosos nacionais e estrangeiros, que abordando uma “nova” perspetiva da história, não redutoramente positivista, determinista e racionalista, como fizeram (e fazem) os historiadores clássicos (reumaticamente sentados e dormitando nas suas poeirentas cadeiras das Academias), se colocam marginalmente fora das reduções diacrónicas, indagando aquilo que nos factos culturais, existe de profundamente humano, arquetípico, nos dinamismos simbólicos e míticos.

c) Essa abordagem científica alternativa, transdisciplinar, aberta à complexidade plural da psique e da cultura poderá, todavia, ir ao encontro de uma “ciência única do Homem”, ou daquilo que existirá afinal, de unitário no ser humano, transcendente a qualquer relativismo.

d) Mas este posicionamento, implica igualmente colocar em evidência aquilo que é específico e caracterizador dos sujeitos da história, na sua ação pluridimensional, no contexto das diferentes sociedades histórica e geograficamente condicionadas (políticas, económicas, sociais, culturais, religiosas, artísticas ou outras).

e) Assim, no que refere ao “complexo mitológico português”, ao mesmo tempo que se reitera um amplo e abrangente potencial heurístico e hermenêutico, articulando o longo processo cultural (mitológico e arquetípico) do nosso imaginário profundo, possui ainda, uma enorme riqueza estética, cénica e teatral nas eventuais atualizações rituais. Acresce, para além disso, a constante afirmação dos mesmos princípios e valores, afinal, em tudo idênticos (no seu humanismo, na flexibilidade adaptativa, ética e mora), aos adotados na nossa constituição (Anderson).

f) Facilmente se apreenderá, que o vasto complexo mítico-simbólico-ritualístico, de Portugal, cuja especificidade estrutural, evolutiva e operativa, é indiscutível, mostra-se igualmente, ecumenicamente abrangente, fazendo parte sem reservas, do imaginário europeu. Está, com efeito, presente, tanto nas narrativas míticas dos diversos países, como nos respetivos pragmatismos ritualísticos, embora recobertas de formas metafóricas muito diferenciadas. Só para dar um exemplo: o mito Sebástico do regresso do rei da sua ilha Encantada, tem sua conotação simbólica, com o mito celta do regresso do Rei Artur, da ilha de Avalon. Não é admissível, portanto, a ideia (em alguns) de que a “bacia semântica” do universo mítico de Portugal, tenha escassa abrangência, porque apenas, localmente situada!!!. (A bibliografia de que já dispomos, no presente, é imensa desmentindo claramente aquela asserção). Isto permite colocar a hipótese de um isomorfismo mítico-simbólico relativamente a Portugal e outros países.

g) EM SÍNTESE: O RITO PORTUGUÊS CONFIGURA UM RITO EUROPEU ADOPTÁVEL NÃO APENAS A DEZ MILHÕES DE PORTUGUESES, MAS IGUALMENTE EXTENSÍVEL AOS OUTROS IDÊNTICOS MILHÕES DA DIÁSPORA PORTUGUESA, para não mencionar ainda, as outras dezenas de milhões de cidadãos, que identitária e afetivamente, por laços históricos, culturais familiares ou outros, se encontram (mais que não seja, ainda que remotamente) ligados a Portugal e ao seu imaginário.

h) Os Temas e pistas de investigação integrando a mitografia portuguesa (e que se atualizam algures, em rituais populares/eruditos), são inúmeros: Citemos como meros exemplos, os mitos fundacionais da Nação Portuguesa (Viriatino e Afonsino), as narrativas sobre os nossos vários lugares mágicos e religiosos; a saga portuguesa dos Descobrimentos e as analogias com a demanda do Graal; as extraordinárias proezas do heroísmo navegador; os milagres e as manifestações do sagrado; os nossos intérpretes e protagonistas dos Fidelli d’Amore e o 515; a Cavalaria Espiritual e o Templarismo; o culto de Santa Isabel, do Espírito Santo e a revolução Franciscana; a arte Cisterciense e Manuelina; as diversas formas do mito Sebástico, o Quinto Império e o Império Português; as Ordens Religiosas Militares e o contacto de culturas na ligação Ocidente e Oriente; as evocações de personagens relevantes estudiosos incansáveis da temática: (artistas, poetas, literatos, filósofos, cavaleiros, pensadores) :Lima de Freitas, Fernando Pessoa, Camões, D. Dinis , Santa Isabel, D. João de Castro, Fernão Álvaro do Oriente, Duarte Pacheco Pereira, Gil Vicente, Infante D. Henrique, Regente D. Pedro, João II, Padre António Vieira, Marquês de Pombal, António Teimo, Sampaio Bruno, António Quadros, Agostinho da Silva e dezenas de outras).

i) Apenas algumas notas sobre um outro mitema importante para nós, ou seja, o mito Pombalino: os primórdios da sua instauração remetem para a exaltação e culpabilização da figura do Marquês, surgido desde logo no reinado de D MARIA I (viradeira) na sequência da querela (que se prolonga até aos nossos dias). Mas é no decurso dos séculos XIX e XX, que os debates sobre o papel político e reformista, do Marquês assumem invulgar dimensão nacional e até internacional. Durante todo o século XIX as classes pensantes dividiam-se em dois grupos bem distintos (filo pombalinos como o ministro Sousa Coutinho e anti pombalinos como o Visconde de Vila Nova da Cerveira. O protagonismo do Marquês foi, pelos primeiros, sistematicamente valorizado e entendido como o advento de um regime e de uma nova ordem social, abalando e destruindo uma estrutura absolutista e clerical lida como responsável pelo nosso pungente atraso. No processo histórico da implantação do regime liberal, a maçonaria foi determinante na construção da imagem do “herói “restaurador do orgulho e prestígio de Portugal, abrindo portas ao progresso e á felicidade. Não existem provas irrefutáveis da sua pertença à Augusta Ordem, mas o papel determinante no controlo e cerceamento do poder e privilégios, da classe clerical, a sua política antijesuítica e antiultramontana, pareceu no século XIX, que estaria em relação com um patrocínio de um ideário secularizante e laicista, que a maçonaria e posteriormente, os republicanos, tentaram implementar. São exemplo disso as grandes comemorações do centenário em 1882 e a implantação na Rotunda do Grandioso Monumento (1934), a Carvalho e Melo. Nessa perspetiva poderemos considerar estamos perante o mito heroico e luminoso, mito pessoal, cuja construção obriga a expurgar factos históricos que se mostrariam pouco adequados a tal processo mitificante. Mito pessoal e transtemporal construído gradualmente pela Maçonaria, pelos movimentos laicistas e anticlericais fazendo de Pombal um Prometeu abrindo o país ao progresso, à ilustração e ao conhecimento, morte ao obscurantismo e ao fanatismo. Enfim uma “renovação”, restaurando uma Idade do Ouro perdida, reencontrando o mesmo sentimento de gloriosas épocas precedentes (época do Renascimento e das Descobertas). No imaginário coletivo a imagem mitificada de POMBAL, PODE FUNCIONAR COMO MOTOR MOBILIZADOR E REVITALIZADOR PARA A ACÇÃO, papel que já aludimos de início.

3 – Por isso reiteramos a presença necessária dos mitemas (complexos míticos) portugueses, na estruturação do RITO e na implementação dos RITUAIS (Lógica estrutural, proposta sequencial de episódios, organização dos diversos scriptos e textos explicativos, cenarização, logística, etc.)

4 – Exemplifiquemos melhor, chamando à colacção o complexo processo mítico, da IDADE DO OURO:

a) O tema está presente no universo imaginário universal e claro está, integra a mitografia portuguesa conotando em última análise, com a representação de uma narrativa de esperança, face às infelicidades e insuficiências da quotidianidade, às vicissitudes que ameaçam a existência, a expectativa nostálgica de um futuro promissor (“que virá um dia”).

b) Tem origem numa tradição muitíssimo mais antiga que a época clássica, certamente originária do extremo oriente, embora a tradição Ocidental tenha atribuído a origem, a Hesíodo (séc VIII, A.C.), o qual, na sua poesia, recorda uma história da humanidade, em que os Deuses teriam criado cinco raças de homens (raça de Ouro, Prata, Bronze, raça de heróis e raça de Ferro). A primeira Raça a ser criada – Raça de Ouro – os homens viviam sem preocupações, não conheciam nem desgostos nem misérias, não precisariam de trabalhar, apenas conheciam a paz e a felicidade, possuíam toda a gama de bens, etc….

c) Esta humanidade originária, beneficiando da indulgência divina, desaparecerá sob a emergência de tempos cada vez mais difíceis nas idades seguintes, em degenerescência constante, até ao aparecimento da sinistra Idade do Ferro.

d) Estamos em presença de uma memória coletiva que, vindo do fundo dos milénios, irá ser constantemente revivida ao longo de gerações, nas obras dos filósofos, pensadores, poetas, artistas. È por demais conhecido o mito da Atlântida (ou a Utopia de Platão) ou Écloga de Virgílio. Todos ele tem especial interesse para nós, nomeadamente, Virgílio igualmente protagonista na Divina Comédia, guia solidário na caminhada iniciática de Dante e por na Quarta Écloga, anunciar o nascimento de uma criança (antevisão do nascimento judaico-cristão de Jesus), vendo nesse acontecimento, o regresso a uma próspera felicidade da Idade do Ouro. (o menino Jesus é o mensageiro do paraíso perdido e reencontrado.)

e) Hesíodo, Platão Virgílio e imensos outros estão no centro de um complexo conglomerado de conotações e significações entrelaçadas constituindo um património mítico da humanidade.

f) Então, a Idade do Ouro evocando um passado longínquo, (uma meta história), um tempo originário do devir humano, inscreve-se afinal num tempo circular de um eterno retorno, abrindo caminho à esperança de um renascimento através do aparecimento de um personagem providencial ou um acontecimento especial (pensemos no messias, nos nossos D. Sebastião, João IV, Sidónio Pais, Salazar e até acontecimentos especiais como a nossa adesão à Comunidade Europeia).

g) A Idade do Ouro, (pagão, pré-cristão, ou o paraíso cristão) interpenetrando as diversas texturas narrativas, despoletam um prodigioso imaginário no nosso processo cultural (Português e Europeu), detetável nas prodigiosas realizações culturais da nossa civilização: Belas-Artes, Letras, Poesia, Belo-Canto Arquitetura (Românico, gótico, renascença, barroco, etc.) materializando e rememorando as aspirações a um reencontro num futuro que se aproxima.

h) O universo mítico não é suscetível de ser apreendido pelas categorias próprias do pensamento positivo racional-prático típico do conhecimento cientifico da modernidade. A “verdade” do mito, não é uma verdade literal, pois que integrando o maravilhoso e o inverosímil, não se contem na linearidade do tempo histórico, nem na espacialidade de um espaço determinado. Rompendo com o tempo e com o espaço o seu valor, conota a eternidade e o infinito.

i) Os indivíduos desde sempre, não enfrentam o mundo apenas providos do conhecimento objetivo e positivo, ele igualmente usa e interioriza, o complexo das suas faculdades plenas (necessidades, aspirações, desejos, memórias, imaginação, emoções, sentimentos, atribuição de sentidos ás suas experiencias e coisas que ignora. O confronto do ser humano, com o mundo que ele habita, sempre o conduziu (sob as mais diversas formalizações), a um “conhecimento para além do conhecimento”.

j) A Idade do Ouro, na sua conotação pansémica (infinitas significações) converge na evocação de um tempo glorioso, substituto de um tempo histórico, visível, finito, imperfeito na sua operacionalização instrumental. Os seres humanos buscam percecionar um outro espaço-tempo origem e fim dos fenómenos para os quais ainda não existe nome, percecionar enfim o que está para além do dizível e do visível

k) Na procura de uma verdade plena, os indivíduos designavam por GNOSE a possibilidade de aprofundar o conhecimento existencial, enquanto totalidade (envolvendo a vida, a conduta, o destino, a esperança de alcançar a luz espiritual). A experiencia Gnóstica, implica a insatisfação da existência humana, á qual urgia dar novo sentido. A superação do sentido da decadência e de uma existência encerrada na imperfeição e no déficit de uma materialidade, exigia a concepção de uma escatologia, que desse corpo á esperança de uma alternativa: uma IDADE do OURO.

l) Lembro Breda Simões, evocando a ideia de Império, enquanto expressão da passagem do caos ao cosmos, exercendo o imperador a sua dimensão de pontífice, entre uma empíria terrestre e a inteligibilidade cósmica.

m) A ideia de Império, acabará por significar o advento do Espírito na perspetiva cristã; ou um advento profético e apocalíptico em JOAQUIM DE FIORE, mais o prolongamento da nostalgia, implícita na Cidade de Deus de Santo Agostinho. Este no célebre tratado, contrapõe a imperfeita cidade dos homens à gloriosa cidade de Deus: A Jerusalém Celeste, em que a Igreja Universal prefigura a cidade dos justos prometida pelos profetas. Mas para ele, essa cidade dos justos não se situa nos fins dos tempos: ele já existe, como também já existe essa Idade do Ouro: no CORAÇÃO dos HOMENS de BOA VONTADE. Nesta perspetiva, existe uma esperança, se se admitir que se pode reviver essa Idade do Ouro, nos interstícios da Idade do Fero.

Existe uma osmose (que aqui não trataremos) entre as idades Joaquimitas (Pai, Filho e Espírito Santo, os cinco Impérios que se sucedem (Sírio, Persa, Grego, Romano…e o advento e um quinto império…que mais tarde se afirmaria (acreditaria/ demonstrar-se-ia), ser o português.

n) A época medieval reconhece-se no ideal monástico (o mosteiro era a representação miniatura da Jerusalém Celeste), na comunhão contemplativa e nas normas da cavalaria e da cruzada. O Renascimento, inspirado na Antiguidade, deixa apreender-se no sonho de uma Idade do Ouro, patente nas academias humanistas ou no ideal pastoril, protestando contra a hegemonia da imperfeição, insuficiência, corrupção e mentira, da civilização urbana. Possuímos suficientes exemplos de poetas, que exaltam a vida simples, em contacto com a natureza, em tudo evocando uma utopia regressiva.

5-Este mito imemorial da Idade do Ouro, inscrevendo-se nos resquícios mais profundos da mentalidade Indo-europeia, impregna igualmente, profundamente, a sensibilidade deste nosso povo ancestral de Portugal, até aos dias de hoje.

6 – São detetáveis mitemas (pequenas unidades significativas cujo conjunto constituem o Mito), essenciais do Mito da Idade do Ouro:

-O mitema do rei cujo regresso é aguardado como salvador, a um país doente alquebrado. Da simbologia associada ressalta a “arvore seca” tão visível em alguns dos nossos monumentos (Convento de Cristo).

-O mitema do rei escondido numa ilha ou montanha (O rei Artur em Avalon, ou o reino escondido do Prestes João);

-O mitema do rei proveniente de um país outrora, de concórdia, abundância, riqueza e paz. Estamos perante o arquétipo da cidade feliz, da Terra Prometida, da concretização na terra da Jerusalém Celeste.

-O mitema do regresso do rei, da “ressurreição”, investido de um caracter taumatúrgico e que coincide com a taumaturgia crítica paraclética. Aqui a articulação com a “questa” (ou demanda e posse) do Graal, o qual por ser iluminado e iluminante, se associa ao Espírito Santo.

-Os precedentes referencias sobre o Mito da Idade do Ouro, reenviam para outras estruturas míticas, realimentando-se mutuamente: O Mito Sebástico; O Mito Isabelino da Transmutação/ Transformação Alquímica? O Templarismo e o Mito da Cavalaria Espiritual; O Mito da Demanda e dos Descobrimentos… e muito mais. Nesta perspetiva, todas elas, não serão mais que partes essenciais dos mitemas em que se funda a extrema riqueza e complexidade da tradição mítico-espiritual portuguesa.

-Muitos investigadores na esteira de Fernando Gil (Modos de Evidência (1998, atribuem ao Mito um estatuto epistemológico de “Alucinação Mental” ou processo alucinatório da consciência, ou seja, um fundamento categórico da crença, que como tal, não necessita ser provada. O Mito assim concebido, é algo intuitivo e não experimental e que no caso de Portugal se integrou plenamente na nossa história colectiva. Com efeito, figuras proeminentes da nossa história, como por exemplo, D. João de Castro (neto do vice-rei) ou o padre António Vieira face a terríveis adversidades políticas e sociais (desaparecimento ou morte do rei, perda independência e humilhação patriótica perante o domínio castelhano, cruzam as suas narrativas com mitos pré-cristãos previamente existentes, o mito celta do rei Artur, o mito milenarista de Joaquim de Fiore e o mito do Encoberto e do Quinto Império integram um processo de hibridismo (e/ou sincretismo) ?

Em qualquer dos casos, opera-se uma suspensão e desqualificação do tempo histórico decadente, substituindo-o por um tempo mítico que a todo o momento pode ser reativado. Opera-se então, uma espécie de catarse coletiva, com recurso a um mecanismo compensatório, em ordem à estabilização e superação do (s) conflito(s) na mente individual e coletiva. O mito assim, surge como um acto de criatividade, ou acto coletivo onírico, delirante, superando pelo sonho o sentimento de um profundo mal-estar dos portugueses que não encontram explicação racional e lógica, para o permanente estado de déficit geral da nação (económico, político, educacional, militar, etc.) e de insucesso, a que por várias vezes, ao longo da nossa história, as nossas elites desde o século XVII, nos têm conduzido. Os cidadãos projetam essa explicação alucinatória, para o domínio da Providência divina e do messianismo.

Eduardo Lourenço, (no dizer de Miguel Real) definia o mito sebástico, como o “máximo de existência irrealista de Portugal” … e também, como o “máximo de coincidência com o nosso ser profundo…”. Mas atenção! O mito possui igualmente uma vertente positiva. Pode constituir um potente motor para a acção, para a superação do torpor e do drama, para a procura determinada e corajosa do sucesso (v. os Descobrimentos, a Restauração, as lutas Liberais, a Diáspora Portuguesa, etc.).

Com um enorme abraço do FC.

Fonte: http://glup.pt/o-imaginario-ecumenico-de-portugal/

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